quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um texto muito bom de uma pessoa que vi no orkut.

"Quando cheguei à casa antiga, o homem morto disse:

- Teu rosto é um ninho de olhares tortos...

Procurei não deixar o aviso entrar por meus ouvidos, mas foi inevitável, e ao caminhar por ruas ermas e vagas, entendi finalmente o que ele disse.

Eu esperava por um milagre que nunca aconteceu. E esta doença me corroía lentamente, e nada eu podia fazer. Perambulava por vilarejos vizinhos à noite, em busca de algo útil... Perda de tempo. Eu estava atrás de...

E quando nascia o sol, eu voltava à casa antiga.

A agonia do verme trancado no sótão ecoava por cada canto de minha alma atormentada, e as balas sangravam minha garganta seca, rouca por um copo de qualquer coisa... Sonolento, vou para meu quarto com as mesmas desculpas de sempre. Até tentei encontrar outras portas, mas o corredor estava preso às fendas. Com a vassoura, batia no teto na esperança de calar aquele prisioneiro da própria loucura no cômodo superior gargalhando freneticamente.

Um Irmão.

Um louco.

Quem era aquele que me atormentava o sono desde tempos idos? De quem era a face deformada do outro lado do espelho?

E eu pegava no sono.

E a menina dançava mecanicamente.

E girava, girava....me deixava tonto com suas pequenas esperanças. E eu acordava cansado, tremendo. Meu corpo exigia um pouco daquilo que me mantinha respirando.

A dor.







O asco.



E a visão escurecia, e tudo se calava.

Mas a menina dançava freneticamente, enquanto o palhaço ria mecanicamente, e eu ainda via a face do homem morto presa às fendas atrás do espelho. Cuspiram o medo coagulado em um copo seco, e o milagre sonolento passeava por ruas ermas em busca de gargantas inocentes para se saciar da doença que embebeda os loucos, os profanos, os vermes que, como eu, se esgueiram noite adentro atrás de...

Com o passar das eras, percebi que sou agora o homem morto. Sou a doença que corrói a alma. Sou o verme, o louco, o profano que rasga gargantas em busca da salvação - aquela que não existe - no homem.

Sou o milagre.









Sou um carniceiro.









Sou a sombra que ecoa pelos cantos da casa antiga....."

(profile do autor do texto)

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